O lema desta edição da FILBO – Ler a Natureza – expõe a insensatez da dicotomia ocidental entre o mundo dos homens e o mundo da natureza, que está nos conduzindo a uma catástrofe climática. É esse o alerta que faz o nosso querido Aílton Krenak, participante desta feira e primeiro indígena, em mais de 125 anos, a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Na literatura que emerge hoje no Brasil, aqueles que sempre foram marginalizados assumem o protagonismo para narrar suas experiências em primeira pessoa. Estão na delegação brasileira autores como Luciany Aparecida, que acabamos de escutar, Daniel Munduruku, Daiara Tukano, Eliane Potiguara, Eliane Marques, Geovane Martins e Jefferson Costa, dando voz à identidade indígena e afrodescendente partilhada por nossos dois países. Esse é o sentido do retorno à ancestralidade que nos propõe Ana Maria Gonçalves no seu magnífico romance “Um defeito de cor”. A literatura não conhece fronteiras. Livros têm o poder extraordinário de nos transportar para outras realidades, ampliar horizontes e nos colocar no lugar do outro, como nos convidam as biografias de Fernando Morais.
@LulaOficial Falou o cara que se orgulha de nunca ter lido um livro na vida…